14 de dez. de 2015

O Fusca que o brasileiro não viu

A capota retrátil desse belo besouro alemão é apenas a parte visível de um carro evoluído


No Brasil, a Volkswagen fabricou o Fusca entre 1959 e 1986. Por sugestão do então presidente Itamar Franco, a linha de montagem foi reativada em 1993 e sobreviveu até julho de 1996 – daí o apelido de “Itamar” dessa última leva. Nesses mais de 30 anos e 3,36 milhões de unidades produzidas, o carro recebeu inúmeros aperfeiçoamentos estéticos, mecânicos e tecnológicos. O consumidor brasileiro, no entanto, nunca chegou a tirar da concessionária um Fusca verdadeiramente “avançado”, privilégio que alemães e norte-americanos tiveram.

Procedência: EUA

O cabriolet que se vê nessas fotos foi fabricado na Alemanha em 1979 para o mercado dos EUA, de onde foi importado por um advogado paulista. Além do que salta à vista, como o refinado acabamento interno e o painel num desenho sóbrio e elegante, o carro, com motor 1.600 e injeção eletrônica, tem soluções mecânicas que nunca chegaram por aqui.

Alavanca de acionamento do sistema de ar quente

A suspensão dianteira McPherson é o principal item. Com molas helicoidais e amortecedores telescópicos, ela proporcionava mais conforto e segurança em relação ao tradicional sistema de braços arrastados que sempre equipou os besouros nacionais. Como vantagem extra, o sistema ampliou significativamente a capacidade do porta-malas, já que o estepe era posicionado na horizontal. No Brasil, o único Volkswagen com motor refrigerado a ar que contou com esse tipo de suspensão foi a Variant II.

Esse painel é desconhecido do consumidor brasileiro

A Volkswagen não montou o Fusca nos EUA, mas o modelo, importado da Alemanha, fez muito sucesso por lá. Para isso, no entanto, teve de sofrer diversas adequações para obedecer à legislação de segurança americana. A lista é grande e inclui área envidraçada ampliada, para-choques reforçados (e, a partir de 1974, retráteis, para absorver melhor o impacto de uma colisão), setas dianteiras grandes, luzes-espia no painel com advertência sobre freio de mão e sensor de cinto de segurança, lanternas traseiras com olhos-de-gato.

Para-choque retrátil: segurança

O besouro branco do advogado paulista conta com o charme extra de ser conversível. O estofamento em couro e o desembaçador do vidro traseiro reforçam o ar de sofisticação.

Desembaçador traseiro

No Brasil, a Volkswagen jamais cogitou produzir um cabriolet. Das instalações da matriz alemã, na verdade, também não saíram carros com capota retrátil.

Na traseira, apenas uma saída de escape

O serviço foi confiado pela montadora a terceiros. Nos anos 40, as encarroçadoras Hebmüller e Karmann obtiveram essa permissão. A versão Hebmüller teve vida curta, de menos de três anos. A Karmann, então, seguiu com o trabalho e produziu conversíveis de excelente qualidade.

Na lateral, a assinatura da Karmann

Cabriolet de Wolfsburg

O motor, com injeção eletrônica


Fonte: http://blogs.estadao.com.br/placa-amarela/o-fusca-que-o-brasileiro-nao-viu/


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